Minha relação de afeto com o RAP, já diziam os antigos: " Boca que fala, bunda que paga..."
Cresci na Zona Sul de Sampa, bairro conhecido como Sapolândia, muito barro, muita lama, muito caos, muita violência, um cantinho esquecido de meu Deus, Escolas precárias, muita enchente, mês de Janeiro, era tormenta, chovia, era CAOS, LAMA, TRISTEZA, em um bairro cheio de gente marrenta e guerreira cresci em meio à violência doméstica, a pobreza e a luta operária.
Meu irmão sempre ouviu Racionais, e eu? Bom, cabeça de minhoca, não curtia a batida do Cara, o que era a tal das quadradas ?
E pá e pum, vários bailinhos na época já diziam da levada, com quinze o Reggae me arrastou a alma, primeiro CD - The Legend, Bob, o Marley, ouvir Reggae junto dos meninos da Rua, sentar em volta da fogueira e curtir um som.
Eramos fãs de Bob, Ouvir o cara dos dread´s, sentir a pegada do som e viajar, enquanto rolava o base, eu só dizia: não valeu, tô só curtindo o som.
E assim, a música foi crescendo dentro de mim, bom gosto musical ?
Meu pai, me deu Jorge Ben Jor, que me trouxe outras lorotas pra ouvir, em casa, ou nas viagens em família o som era : forró, MPB e vez por outra uma levada de música religiosa, família mistureba, mineiros e potiguar´s, nesse flow da diversidade, falei muito mal do RAP, que merda é essa ?
Meu irmão me ralhava as idéias, me enchia o quarto com aquela bolacha, sim, uma bolacha nervosa do temido Brown, era temido, opa...
Se não, sempre me questionei: Que porra é essa de pega as quadradas e plaus...
Se dizem que a gente paga pelo que fala, hoje pago com gosto, amo a porra do RAP, e aprendi a gostar do Velho Sabota.... Dezesseis anos, o cara se foi ou melhor, levaram o Velho Sabota, com toda sua ideologia, sua luta e sua glória, e o que eu fazia em 2003 ?
Sei lá, já estava na Faculdade de Pedagogia, vários ideais, várias ideias, hoje o País é tema de chacota, viramos piada ou melhor o Capital que antes era LEI, agora virou ação de discórdia.
O tema é CAPITAL, a onda é gerar LUCRO e que se FODA a ideologia.
País CAPITALISTA, de anarfa político, e assim gira a roleta do mais forte ao oprimido.
Pra mim, que sou professora, a MANIVELA que girou a catraca do busão, não me bota medo, se pá e pum a gente pede carona, senão tiver como ir, por falta de GASOZA, a gente senta e espera.
Nasci na ENCHENTE, não morri de lepstopirose por que a lama não quis, não fui picada por mosquito por conta da pele castigada pelo açoite, mas a ideologia barata essa a gente vai perdendo, o SONHO nunca, a FÉ jamais...
E se posso dizer algo a ele, ao Velho Sabota só posso dizer: VALEU, CARA. VOCÊ É FODA.
Autora: Priscila de Fátima Jerônimo
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